Uma das propostas mais danosas da reforma administrativa engendrada pelo Ministério da Economia era a contratação de funcionários sem concurso. O risco que os “janeleiros” trariam pode ser observado, ao vivo e a cores, nos ministérios paralelos que se instalaram na Saúde e na Educação (por enquanto, outros mais podem surgir).
Na Saúde, foram atraídos negacionistas e oportunistas, abrindo espaço para políticas prejudiciais ao combate à pandemia e para um pessoal que operava no submundo buscando obter vantagens em contratos superfaturados; alguns foram barrados (muito pela ação de funcionários concursados), mas ninguém pode ter certeza de que outros não prosperaram.
Na Educação, a se comprovarem as denúncias – e há motivos de sobra para se duvidar que serão investigadas a contento – pastores se instalaram no Ministério para recolher dízimo em nome de Bolsonaro. Mas não são os únicos a integrar o gabinete paralelo: muitos personagens da banda podre da educação privada passeiam por Brasília visando vantagens e ganhos bem mais amplos.
Há muito que se fazer para melhorar a gestão estatal, a começar por recuperar a função pública de seus servidores, já que muitos colocam à frente interesses corporativos ou pessoais. Mas não é essa reforma administrativa que corrigirá distorções, muito pelo contrário.
Forma torta
Ex-presidente da Faetec e ex-secretário de Educação do Estado do Rio de Janeiro, Wagner Victer classificou como sem cabimento, sem lógica financeira ou pedagógica a proposta de militarizar as escolas técnicas. “O caminho para criar escolas cívico-militares nunca poderia ser através da Faetec, descaracterizando sua função. Além disso, os custos, inclusive dos professores da Faetec, são muito mais elevados”, afirma.
Segundo Victer, a Secretaria tem unidades físicas subutilizadas em alguns municípios que poderiam oferecer cursos técnicos. “Aliás, na minha gestão, criei mais de 100 escolas técnicas [de empreendedorismo]”, ensina o ex-secretário.
“Essa medida por decreto certamente foi levada de forma torta ao governador, e por isso que está dando essa confusão desnecessária”, finaliza.
Currículo
Perguntado sobre a moda do futebol brasileiro de importar técnicos portugueses, o treinador Joel Santana retrucou: “O que Portugal já ganhou?” De fato o mais perto que a seleção portuguesa esteve foi da Eurocopa 2004, mas foi derrotada na final em casa para a inexpressiva Grécia.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom
Fonte: Monitor Mercantil