Ajuste fiscal "é ponte" para nova estratégia de desenvolvimento, diz ministro




03/07/2015 - 00:00

O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, disse ontem (2) que o ajuste fiscal promovido pelo governo “é uma ponte” para a nova estratégia de desenvolvimento do país. Ele participou da reunião da Comissão Geral da Câmara que está promovendo uma série de encontros com ministros para debater as políticas governamentais.

Mangabeira defendeu a necessidade do ajuste fiscal para o resgate da confiança financeira dos investidores e, por consequência, a retomada do crescimento da economia. Além disso, destacou que  as medidas promovidas pelo governo não devem ser vistas “como um simples ajuste de contas”, mas a transição para uma nova estratégia de desenvolvimento.

“Construir uma estratégia de desenvolvimento nacional não é apenas formular um plano de governo, mas trabalhar por um projeto de Estado capaz de sobreviver a um governo que esteja momentaneamente no poder”, ressaltou o ministro. Mangabeira Unger defendeu a criação de uma estratégia “rebelde” de desenvolvimento com ênfase nas políticas de fortalecimento de capacitação e na ampliação das oportunidades.

Ele defendeu “o sacríficio social” exigido pelas medidas de austeridade fiscal. A seu ver, a política econômica atual é uma condição para que o governo crie oportunidades de desenvolvimento, especialmente na educação e na produção.

O ministro ressaltou que as políticas fiscais terão que forçar a baixa da taxa de juros, uma vez que o momento econômico é de queda da oferta e da demanda. “O juro elevado não deve ser o principal instrumento de combate à inflação. Para isso, o instrumento deve ser a expansão da oferta”, afirmou Mangabeira Unger, que defende a manutenção do câmbio flutuante, importação de altas tecnologias e exportação de produtos com maior valor agregado.

Segundo Mangabeira, parte dos problemas produtivos do país é explicada pelas mudanças recentes no cenário econômico mundial. Para ele, nos últimos anos, o desenvolvimento brasileiro teve um momento de estímulo do consumo e o aumento da renda popular. “A segunda fase foi a produção e exportação de commodities, produtos primários pouco transformados, aproveitando a riqueza da natureza brasileira, a agricultura e a mineração”, destacou.

Essas políticas fizeram com que a maioria dos brasileiros passasse a depender “da abundância de dinheiro no mundo” decorrente do crescimento da China e da alta dos preços de produtos primários. A partir do momento em que o cenário da economia mundial mudou, o setor produtivo brasileiro passou a enfrentar problemas, explicou.

Fonte: Agência Brasil

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