A alta da inflação é uma preocupação global, mas a taxa registrada no Brasil permanece bem acima da média observada nas maiores economias do mundo. Relatório divulgado nesta quarta-feira (4) pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que a inflação acumulada em 12 meses no Brasil é a maior do G20 – grupo dos países mais ricos –, atrás só da Turquia e da Argentina.
Por aqui, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 11,3% no acumulado em 12 meses até março. Já são 7 meses seguidos com a inflação anual acima dois dígitos.
Na conjunto de países da OCDE, que inclui todas economias desenvolvidas e algumas emergentes, a inflação em 12 meses atingiu 8,8% em março, ante 7,8% em fevereiro – nível mais alto desde outubro de 1988. No grupo G20, a taxa ficou em 7,9%, contra 6,8% no mês anterior. No G7, passou para 7,1%, vindo de 6,3%.
Segundo o relatório, cerca de um quinto dos 38 integrantes da OCDE tiveram inflação de dois dígitos em março, sendo a mais alta a da Turquia (61,1%). Os únicos outros países da organização (mas que não estão entre as maiores economias) com taxa anual acima de 10% são Lituânia (15,7%), Estônia (15,2%), República Tcheca (12,7%), Letônia (11,5%), Polônia (11%) e Eslováquia (10,4%).
A OCDE destacou a forte pressão dos preços de energia, cuja inflação saltou 33,7% em 12 meses, maior elevação desde maio de 1980. Excluindo-se alimentos e energia, a inflação para o bloco de países do grupo foi de 5,9%.
Inflação vai dar trégua?
Para tentar frear a inflação, os países têm acelerado e intensificado a alta das taxas básicas de juros.
No Brasil, a expectativa do mercado financeiro, em pesquisa realizada na semana passada pelo BC com mais de 100 bancos, é de que a taxa Selic terminará 2022 no patamar de 13,25% ao ano.
O resultado da inflação oficial de abril será divulgado pelo IBGE no dia 11. Puxada pela alta dos combustíveis, a prévia da inflação registrou a maior alta para o mês desde 1995, com a taxa no acumulado em 12 meses chegando a 12%.
Reportagem do g1 mostrou que a inflação além de mais elevada, também está mais espalhada, afetando 8 em cada 10 itens pesquisados pelo IBGE. O índice de difusão saltou para 78,7%, maior patamar já registrado para meses de abril e maior nível desde fevereiro de 2003, o que indica que a inflação deve continuar pressionada pelos próximos meses.
A projeção atual do mercado financeiro é de uma inflação de 7,89% em 2022. No entanto, desde o ano passado, os analistas já preveem que o IPCA fechará pelo 2º ano seguido acima do teto da meta do governo, que tinha sido fixada em 3,5% para 2022.
Fonte: G1