Por Josceli Pereira*
Não sei se é uma percepção só minha, mas tenho a sensação de que uma parcela significativa da população não consegue enxergar o governo como um patrimônio de todos. Culturalmente temos a impressão que o governo é algo distinto da coletividade. Agimos e nos referimos ao governo como sendo as pessoas escolhidas por nós para nos representar, compondo um mundo separado.
Na realidade todos os equipamentos públicos são construídos para uso da coletividade, porém não percebemos com facilidade que cabe também à população o zelo e o cuidado para que eles permaneçam servindo a todos. Esta conscientização perdeu sua identidade ao longo dos tempos e cada vez mais observamos que a coletividade acredita ser o patrimônio público um patrimônio pertencente ao governo de plantão.
Esta percepção também observamos na intenção de parte dos nossos governantes, talvez pelo fato deles serem retirados do meio desta população que acredita nesta pseudo distinção. A malversação do dinheiro público corrobora com esta assertiva, pois isto faz que o zelo com as coisas públicas muitas vezes fique relevado a segundo plano.
Fomos aos poucos agigantando o setor público, repassando obrigações cada vez mais pesadas e com isto criamos a necessidade de financiamento para sua manutenção. Endividamento e aumento de impostos são as duas principais fontes destes recursos e ambos necessitam da participação da população.
A universalização da saúde, educação e segurança são os principais itens de atuação do governo. Se você observar ao seu redor vai perceber a total participação do governo em todas as suas atividades, seja impondo regras ou regulamentação, mas sempre encontrará o poder público interferindo na sua vida.
A manutenção do setor público precisa ser organizada de forma a constituir uma regra geral, composta pela conscientização da população e dos seus agentes públicos com relação ao critério coletivo. É preciso quebrar paradigmas e destacar a responsabilidade de cada um no seu papel de agente participativo da sociedade.
Cada um precisa cuidar da sua quota pública, zelando por aqueles equipamentos comunitários aos quais tenha acesso. Ciente que o custo da manutenção será repartido em forma de tributos entre todos os munícipes.
* Josceli Pereira é Fiscal Tributário Estadual, formado em Administração/UFMS - Especialista em Perícia e Investigação Contábil-Financeira Empresarial/INPC-UCDB e em Desenvolvimento Regional e Competitividade/UFMS.
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