Dólar a R$ 3 evita crise cambial após 2015, diz Bresser-Pereira




08/01/2014 - 00:00

O Brasil corre o risco de enfrentar uma crise cambial nos próximos anos, com impactos na economia, caso não faça uma política mais rígida. Ou seja, de modo que a cotação suba para R$ 3 por dólar "ou acima disso". Essa é a opinião do ex-ministro da Fazenda, Luiz Carlos Bresser-Pereira.
Na visão dele, o governo de Dilma Rousseff errou "ao acreditar que pode substituir uma taxa de câmbio apreciada, uma política cambial, por uma política industrial". "Diante do fato de que a taxa de câmbio continua muito apreciada, apesar do esforço que a presidente fez para depreciá-la no começo do governo, ela adotou uma política industrial agressiva, retirando impostos dos vários tipos para compensar o fraco avanço do setor, mas não foi suficiente", avaliou o especialista.
O problema, segundo ele, é que falta apoio da sociedade para realizar essa política cambial mais austera. "Isso porque exigiria imposto sobre exportação, teríamos que aceitar uma inflação mais alta [que já está acima do centro da meta, de 4,5%], assim como aceitar uma relativa queda de salários e ninguém quer nada disso. Só que se não fizermos isso no começo do próximo governo [em 2015], o Brasil vai ter uma crise cambial, de balanço de pagamentos e crescimento econômico seguirá baixo", disse, após ser questionado pelo DCI, durante 5ª edição do Latin American Advanced Programme on Rethinking Macro and Development Economics (Laporde), realizado ontem pela FGV.
O ex-ministro da Fazenda avalia que se o dólar subir para R$ 3, o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) poderá dobrar, ao sair de uma média de 2% ao ano para 4,5% e até 5%. "Com o câmbio acima de R$ 3, o Brasil vai ter um superávit em conta corrente e não vai precisar mais de capital externo. Aumenta a poupança interna porque os empresários vão investir mais e o governo reduz sua despesa corrente. Com poupança pública, o governo pode investir e ficar responsável por 20% a 25% dos investimentos totais", calcula Bresser-Pereira.
De qualquer forma, ele não espera mudanças significativas nos indicadores macroeconômicos (PIB, inflação e câmbio) neste ano, por conta das eleições. "Se o governo deixar subir a inflação, a presidente não será reeleita", explica. Para Bresser-Pereira, porém, esses temas precisam ser mais debatidos ao longo de 2014.
Ajuste fiscal - O ex-ministro da Fazenda entende que a única arma que o governo conta para resolver o cenário de baixo crescimento, sem fazer uma política cambial rígida, é realizar um maior ajuste fiscal. "Isso gera um superávit primário efetivo e evita uma crise na balança de pagamentos [mais recursos para gerar poupança interna e, assim, investir mais]", analisa.
Bresser-Pereira comentou, durante o evento, que as agências de classificação de risco que ameaçam rebaixar a nota do Brasil, como a Standard & Poor's informou ontem (leia mais na reportagem abaixo), revelam a falta de credibilidade nas contas públicas brasileiras e a necessidade de ajuste. Questionado se esses rebaixamentos podem vir a acontecer, o ex-ministro da Fazenda diz não acreditar, mas também não descarta a possibilidade.
Na opinião da economista da Associação Brasileira das Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE), Fernanda Feil, mesmo com o rebaixamento, o nível de investimento no Brasil não deve ser prejudicado nos próximos anos, "o que importa para os fundos de pensão". "O Brasil ainda é muito seguro para os investidores internacionais em termos de países em desenvolvimento. Temos ainda uma respeitabilidade lá fora. Foi abalada por situações como com as manifestações e pelo começo das altas de juros, mas isto está se revertendo", afirmou ao DCI.
"Vamos continuar a receber investimentos nos próximos anos, principalmente porque não acabou o ciclo da Copa do Mundo, tem as Olimpíadas, é o ciclo do pré-sal e os grandes leilões que irão acontecer. Infraestrutura será o novo grande ciclo que temos agora", acrescentou a especialista, ao afirmar ainda que há espaço para a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), crescer mais três pontos percentuais. A taxa de investimento no terceiro trimestre do ano passado foi de 19,1% do PIB, segundo último dado divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"O fato é que o Brasil não tem colocado como prioridade o desenvolvimento. A prioridade foi a distribuição de renda. Conseguiram reais realizações, mas fizeram isso à custa do desenvolvimento econômico. Chegou ao momento que essa política, sem investimentos, se esgotou. No novo governo precisa mudar isso", conclui Bresser-Pereira. 

Observatório Econômico
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Sindicato dos Fiscais Tributários do Estado de Mato Grosso do Sul - SINDIFISCAL/MS

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