O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou nesta terça-feira (31), por meio da ata de sua última reunião – quando os juros recuaram para 7,5% ao ano –, que não afasta a possibilidade de a taxa Selic continuar recuando em 2018. No documento, os integrantes do Copom avaliaram que, "caso a conjuntura evolua conforme o cenário básico esperado" na última reunião do comitê neste ano – marcada para o início de dezembro –, parece "adequada" uma "redução moderada na magnitude de flexibilização" (do ritmo de corte dos juros) ". O mercado financeiro já trabalha com o cenário de diminuição da intensidade dos cortes de juros em dezembro. Os analistas projetam que haverá uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, para 7% ao ano. Na reunião da última quarta-feira (25), o Copom promoveu o nono corte seguido na taxa básica de juros, a Selic, que recuou de 8,25% para 7,5%, ou seja, um ritmo maior de corte do que o estimado para dezembro. A novidade é que, nesta última ata do Copom, o Banco Central deixou a porta aberta para continuar baixando os juros básicos da economia para um patamar abaixo de 7% ao ano em 2018. Em setembro, os integrantes do Copom haviam sinalizado na ata da reunião que poderiam frear a queda dos juros em 2018. Já no documento que resume a reunião realizada pelo comitê na semana passada, o recado mudou. "Houve consenso em manter liberdade de ação e adiar qualquer sinalização sobre as decisões futuras de política monetária [definição da taxa de juros para conter a inflação] de forma a incorporar novas informações sobre a evolução do cenário básico e do balanço de riscos", ponderou o Banco Central. A instituição acrescentou, porém, que o processo de redução do juro básico da economia "continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação". Na última semana, o Copom reduziu a taxa Selic ao menor índice desde abril de 2013. Neste patamar, a taxa de juros ficou muito próxima da mínima histórica, de 7,25% ao ano, que vigorou entre outubro de 2012 e abril de 2013. A série histórica do Banco Central para a taxa Selic começa em 1986. Tomada de decisões A definição da taxa de juros pelo Banco Central tem como foco o cumprimento da meta de inflação, fixada todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2017 e 2018, a meta central de inflação é de 4,5%, com intervalo de tolerância de dois pontos percentuais, de modo que o IPCA pode variar entre 3% e 6% nesses anos sem que a meta seja formalmente descumprida. Normalmente, quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic na expectativa de o encarecimento do crédito freiar o consumo e, com isso, a inflação cair. Essa medida, porém, afeta a economia e gera desemprego. Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas predeterminadas pelo CMN, o Banco Central reduz os juros. É o que está acontecendo neste momento. Após uma longa recessão, a economia dá sinais de reaquecimento, mas os preços ainda seguem comportados por conta, inclusive, de boas safras agrícolas. De janeiro a setembro, segundo o IBGE, a inflação oficial, medida pelo IPCA, ficou em 1,78%, bem abaixo dos 5,51% em igual período do ano passado. Foi a menor inflação acumulada até setembro desde 1998. Para 2017, o mercado financeiro prevê que a inflação ficará em 3,08%, abaixo da meta de 4,5% fixada pelo CMN para este ano. Já o BC informou na semana passada que suas estimativas de inflação estão em torno de 3,3% para 2017, de 4,3% para 2018 e 4,2% para 2019. Fonte: G1