A Reforma Administrativa proposta pelo governo Bolsonaro enfraquece muito a administração pública e os servidores, além de facilitar a privatização de serviços essenciais para a população. Para isso, ela atua em diversas áreas que vão do fim da estabilidade do servidor público até a criação de vínculos precários e possibilidade de privatizações irrestritas, como nas áreas de educação e saúde.
Na semana passada, a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Serviço Público - Servir Brasil, conseguiu o número de assinaturas necessárias para que a Emenda Substitutiva Global - que propõe mudanças à PEC 32/2020 - fosse validada pela Câmara dos Deputados. Foram 180 assinaturas para apresentação de texto substitutivo à PEC 32 - eram necessárias, no mínimo, 171.
Caberá ao relator da reforma administrativa, deputado Arthur Maia (DEM-BA), decidir se acolhe ou não as emendas sugeridas. Caso não sejam aceitas, as bancadas partidárias poderão apresentar destaques para serem apreciadas novamente.
O deputado Professor Israel Batista, presidente da Frente Servir Brasil, acredita na aprovação das emendas que favorecem o servidor. Para ele, as emendas são capazes de garantir a continuidade dos concursos públicos, sem voucher na saúde e educação.
Confira abaixo entrevista do Professor Israel Batista ao Reconta Aí. Reconta Aí: A PEC 32 ameaça a prestação dos serviços públicos, acaba com estabilidade do servidor. Essas emendas têm chances de serem aprovadas integralmente pelo Congresso? Professor Israel: Como forma de mitigar esses danos, a Emenda Global, apoiada pela Servir Brasil, busca restabelecer o que é enfraquecido na PEC 32/20, por isso acreditamos na aprovação das Emendas que favorecem o servidor e ainda, compor o texto final. Reconta Aí: Essas emendas são capazes de garantir continuidade dos concursos públicos, sem voucher, na saúde e educação por exemplo?Professor Israel: Sim. Enquanto na PEC32/20 o Concurso Público pode virar a exceção, tendo em vista as contratações temporárias sem critério e o vínculo de experiência, presentes no texto, a Emenda Global é taxativa em manter o concurso público como forma principal de ingresso na administração pública. Ela estabelece critérios objetivos de tempo máximo e porcentagem dessas ocupações na Administração.
A possibilidade de cooperação, inclusive com compartilhamento de estrutura física e a utilização de recursos humanos, pode ter efeitos extremamente danosos para quem mais necessita do serviço público no dia a dia, e por isso a possibilidade é retirada na Emenda Substitutiva, mantendo a harmonia com o texto constitucional que temos hoje. Reconta Aí: E qual expectativa que essas emendas sejam aprovadas?Professor Israel: É sabido que o perfil do Congresso Nacional é reformista. Basta ver os resultados das últimas reformas aprovadas nesta legislatura. Porém, a mobilização dos cidadãos, dos servidores públicos e também dos concurseiros se mostrou bastante forte e de muito valor para nossa luta. As assinaturas na Emenda Global é uma prova dessa mobilização. Sabemos que é um desafio mas nós vamos conseguir cumpri-lo.