Mato Grosso do Sul encerrou 2018 com a marca de 111,3 mil microempreendedores individuais (MEIs) formalizados. Em 2016, eram 95,8 mil MEIs no Estado, o que significa um aumento de 16% (15,5 mil pessoas) em apenas dois anos, de acordo com os dados do Portal do Empreendedor. Desde a entrada em vigor da Lei Complementar n.º 128, também conhecida como Lei do Microempreendedor Individual, o MEI se tornou uma importante fonte de geração de emprego e renda para as famílias sul-mato-grossenses. De acordo com Gilmar Rosseto, analista técnico do Sebrae, o número de microempreendedores individuais vem crescendo por diversos motivos. Um deles é a necessidade de formalização por conta de trâmites burocráticos e de segurança jurídica. “A empresa e os clientes precisam ter a garantia dos serviços e, para isso, necessita emitir nota fiscal. O MEI surge como uma opção mais simples [que tirar um CNPJ]. Ainda existe a questão do alvará de funcionamento, pois a fiscalização vem aumentando”, define. O desemprego também estimula a abertura de pequenos negócios. “Existe um crescimento substancial em algumas atividades, que são mais corriqueiras. A pessoa perde o emprego, e a primeira coisa que pensa é abrir algo relacionado à alimentação, vestuário e estética. São as atividades que mais abrem e também que mais fecham”, alerta o especialista. Em Campo Grande, os MEIs se espalham, cada vez mais, para os bairros da cidade. Os valores de aluguéis caros da região central e dos shoppings centers afastam os empreendedores. “Está tendo essa moda da descentralização. Os bairros têm um grande diferencial que é a possibilidade de um investimento menor e aluguel mais baixo. Hoje, existem empreendimentos em bairros que faturam R$ 80 mil por mês”, destaca. PERFIL Quem deseja se tornar um microempreendedor individual precisa estar atento a alguns pontos. É necessário analisar o próprio perfil empreendedor, conhecer seu público alvo e ter certeza que o seu produto irá suprir a demanda do cliente. Segundo o especialista Gilmar Rosseto, falta de informação é o principal problema de quem não obtém sucesso no ramo. “É preciso saber qual é a afinidade do empreendedor. Se não tem perfil de alimentação, não adianta montar um negócio de alimentação. E, hoje, a gente entra muito nessa questão da necessidade. É preciso identificar uma necessidade do público alvo, e desenvolver uma ideia para suprir essa necessidade”, completa. HISTÓRIA A microempreendedora individual Silvia Malissi Alves Patriota, de 39 anos, sempre gostou de acompanhar as tendências da moda, e também sempre sonhou em montar o próprio negócio. Há cerca de oito meses, após meses de pesquisa sobre o assunto, ela decidiu sair do emprego onde estava há 14 anos e abrir sua loja on-line de roupas. “Eu procurei pesquisar e estudar bastante, eu não fiz uma coisa do nada, de forma aleatória. Não foi uma aventura, foi algo pensado. Eu tive muito receio, mas a gente tem que ir passar por cima desse pensamento para conseguir investir em algo. O risco sempre vai existir”, diz. Para diminuir o investimento inicial, Silvia preferiu abrir uma loja on-line, no Instagram. Lá, ela expõe seus produtos, que são levados até a casa dos clientes. “Se eu fosse abrir uma loja física, gastaria até dez vezes mais”, relata. Segundo o analista técnico do Sebrae, Gilmar Rosseto, é muito importante planejar o investimento necessário e buscar as melhores opções para cada orçamento. “Há muita gente que possui capital para investir, mas esquece que precisam também de capital de giro. Aí, pegam todo o valor para abrir o negócio, mas depois não têm o capital para manter o negócio por determinado tempo, até a empresa trazer lucratividade”, ressalta Rosseto. Silvia fez o planejamento e, desde o começo, sabia que precisaria de seis meses para recuperar seu investimento inicial e começar a lucrar. Apesar do pouco tempo atendendo, ela garante que toda a pesquisa e preparação valeram à pena. “O negócio está dando muito certo, felizmente. É um mundo bastante dinâmico, os clientes estão sempre pedindo por novidades e eu estou sempre buscando coisas novas”, acrescenta. Rosseto destaca que há atendimento no Sebrae, toda sexta-feira, a fim de orientar o público sobre os procedimentos para se tornar um MEI, além de consultorias e treinamentos. Correio do Estado.