Estresse econômico e político pressiona Brasil até 2016, diz Moody's




06/10/2015 - 00:00

O estresse político e financeiro pelo qual o Brasil tem passado deverá continuando afetando negativamente a qualidade do crédito emitido tanto pelo setor público quanto pelo privado até 2016. Essa é a avaliação da agência de classificação de risco Moody's, em boletim divulgado nesta terça-feira (6).

A deterioração financeira, a turbulência política e o desenrolar da Operação Lava Jato, que investiga um esquema bilionário de desvio e lavagem de dinheiro, levaram o Brasil a registrar aumento de desemprego, queda do consumo e do poder de compra. Segundo a Moody's, esses fatores fizeram com que a agência estimasse uma queda ainda maior do PIB brasileiro: de 3% em 2015 e de 1%, em 2016. Em julho, a agência esperava que o PIB brasileiro tivesse retração de 1,8% neste ano e uma alta de 1% no seguinte.

"Nós não vemos como a posição fiscal do Brasil pode melhorar no curto prazo dada a falta de consenso político, que fez com que o governo entregasse superávits grandes o bastante para conter o nível de endividamento do país", disse Mauro Leos, vice-presidente e analista sênior da Moody's. "Nós não acreditamos que o Brasil consiga atingir crescimento real de 2% e superávit primário de pelo menos 2% do PIB até 2017, 2018."

De acordo com a agência, os riscos também estão aumentando para os bancos, com as taxas de inadimplência começando a subir por conta do aumento do desemprego e dos atrasos de produção, e rentabilidade sob pressão, embora os bancos permaneçam adequadamente capitalizados e devem ser capazes de absorver quaisquer perdas.

Setores blindados

Alguns setores continuarão "ilesos" à fraca economia brasileira. "Exportadores de proteína e de produtos de papel e celulose se beneficiarão do real desvalorizado, o que se traduzirá em aumento das receitas em moeda local para suas exportações."

A Moody´s afirmou que espera que as companhias de distribuição de eletricidade continuem se valendo dos mercados domésticos para financiar suas necessidades de capital em resposta aos crescentes custos de energia. Além disso, a demanda menor por energia vai beneficiar as geradoras de hidroeletricidade.

Rebaixamento da nota

Em agosto, a Moody's rebaixou a nota de crédito do Brasil de "Baa2" para "Baa3", e mudou a perspectiva do rating do país de negativa para estável.

Apesar do rebaixamento, o Brasil permanece dentro do chamado grau de investimento, mas com a nota mais baixa dentro da classificação que garante ao país o selo de bom pagador da sua dívida.

Segundo a agência, um dos motivos para o rebaixamento foi a performance mais fraca que o esperado da economia, a tendência de gastos mais elevados do governo e a falta de consenso político sobre as reformas fiscais, que impedem "as autoridades de atingir superávits primários elevados o suficiente para conter e reverter a tendência de aumento da dívida este ano e no próximo, além de desafiar sua capacidade de fazê-lo depois".

Fonte: G1

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