— Não é o momento de instituir qualquer tipo de reforma desta natureza. Temos um problema de dimensões enormes, e ninguém está discutindo nada. Como vamos acudir os vulneráveis que serão atingidos? Existe uma precária concessão de auxílio emergencial. Quando cessar, o que se vai fazer? O que irei fazer com empresas em condição falimentar? — questionou.
— Completa falta de senso de oportunidade, irresponsabilidade — disse.
Entre os pontos da reforma está a criação de um novo imposto no país, que deve ser incluído na segunda etapa da proposta. A "nova CPMF", como o tributo vem sendo chamado, já teria o aval do presidente Jair Bolsonaro.
A ideia do governo é de que o novo imposto incida sobre pagamentos ou comércio em meio eletrônico, o que pode incluir transferências e pagamentos feitos por meio de aplicativos de bancos, por exemplo.
— Do ponto de vista genérico, um tributo sobre contribuições pode ser eficiente, mas depende de como for construído. Exige alíquota baixa, grande amplitude, preservar transações sobre exportações, avaliar tributações à baixa renda. Existem infinitas possibilidades. Portanto, dizer que ele não implica aumento de carga tributária... claro que implica. Pode implicar aumento para todos. A única coisa que não existe é um tributo ser neutro — afirmou Maciel.
Para o ex-secretário da Receita, não existe alterativa simples para o enfrentamento dos reflexos econômicos em razão da pandemia. Ele enfatiza, no entanto, que o governo deveria concentrar as energias neste momento discutindo o período após a postergação de tributos já existentes, de socorro aos mais vulneráveis e auxílio a Estados e municípios, o que define como "um monstro batendo na porta".
— Os tributos foram adiados para setembro e estamos em agosto. É como se estivéssemos em outro mundo. Isso é literalmente um adiamento da realidade, só patologia —lamentou.