O governo federal anunciou nesta quarta-feira (22), sem a presença de representantes do Ministério da Economia, um plano de retomada econômica. O Pró-Brasil prevê a aplicação de R$ 30 bilhões em investimentos e a criação de um milhão de empregos. O programa foi apresentado ao presidente Jair Bolsonaro pelo ministro da Casa Civil, Braga Netto. Estavam na reunião, o vice-presidente, Hamilton Mourão, e ministros, entre eles, o da Economia, Paulo Guedes. O Palácio do Planalto não explicou a razão dos textos que apareciam na tela. Um deles dizia “Foco atual: quem é o culpado?” À tarde, o próprio Braga Netto falou da estratégia pós-pandemia. Sem dar detalhes, foi questionado se não seria tipo o Plano Marshall, o milionário programa do governo americano para ajuda aos países europeus no pós-guerra. “Não existe nenhum Plano Marshall. Aqui existe o Pró-Brasil. Plano Marshall é outra coisa. Nos Estados Unidos para fora, isso aqui não é um programa de recuperação econômica. Ele é de crescimento socioeconômico. É para toda a estrutura, toda essa infraestrutura que foi, vamos dizer, abarcada, foi atingida pelo coronavírus”, diz Braga Netto. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, disse que o foco será em obras com dinheiro público e privado. O que, segundo ele, vai gerar empregos e reativar a economia. “Nós vamos ter aquilo que vai ser feito com capital privado, serão aí investimentos em concessões. Só no Ministério da Infraestrutura, R$ 250 bilhões de concessões serão contratadas. E aquilo que será feito por meio de obra pública e aí a gente estima um valor de R$ 30 bilhões”, afirma. Pouco antes, em outra entrevista, o secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, discordou da ideia de aumentar gastos do governo, que não tem caixa para bancar o programa. “O Plano Marshall gestado pela Casa Civil é um pouco diferente dos planos do Ministério da Economia. O Plano Marshall dependeu do dinheiro americano, e nós não temos dinheiro sobrando mais. As finanças nossas foram absolutamente esgotadas. Então, ainda é muito embrionário. Eu li superficialmente que alguns ministros, liderados pela Casa Civil, estão tentando elaborar um Plano Marshall. O Ministério da Economia está elaborando um plano de busca de investimento através do privado, já que o estado não tem dinheiro”, afirma. O ministro da Economia, Paulo Guedes, concorda, como mostrou o blog de Cristiana Lôbo, no G1. Ele defendeu na reunião com Bolsonaro que é preciso investimento privado para executar o programa Pró-Brasil. Mas o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, falou em crédito extraordinário de R$ 5 bilhões, dinheiro público, para capitalizar empresas do setor, sem dizer quando, nem como.