A oferta de ações da BR Distribuidora pela Petrobras, que deve ter o preço fechado amanhã, pode elevar o volume de venda de ações na bolsa por parte do setor público para mais de R$ 33 bilhões desde outubro, conforme cálculos do Valor Investe.
Até agora, o governo federal e suas estatais se desfizeram de cerca de R$ 22,9 bilhões em participações acionárias bolsa, seja diretamente no mercado ou em ofertas organizadas — como a saída da Caixa do capital votante da Petrobras, a listagem da Neoenergia e mais recentemente a venda de ações do IRB. Se o novo presidente do BNDES, Gustavo Montezano, cumprir a missão que lhe foi delegada, há pelo mais outros R$ 100 bilhões em participações a serem vendidas, o que já deixa alguns investidores preocupados.
Não que a redução do peso estatal no mercado acionário seja vista com maus olhos por agentes privados do mercado de capitais. Pelo contrário. A questão tem a ver com a capacidade de absorção de um volume muito grande de vendas em um período relativamente curto.
Mesmo antes de Paulo Guedes assumir o comando da Economia — mas já depois da eleição de Jair Bolsonaro —, tanto a Caixa Econômica Federal quando a BNDESPar iniciaram a venda de ações preferenciais da Petrobras no último trimestre de 2018, movimentando cerca de R$ 870 milhões. Após a virada do ano, as vendas se intensificaram e a BNDESPar, sozinha, se desfez de mais R$ 3,7 bilhões da estatal de petróleo no primeiro trimestre, conforme dados de balanço.
No mês de maio, foi a vez de a Caixa vender R$ 7,3 bilhões em ações ordinárias da Petrobras em oferta pública.
Depois disso, houve a abertura de capital da Neoenergia, em que o Banco do Brasil entrou como um dos vendedores e levantou quase R$ 1,8 bilhão. Na semana passada, o BB se desfez de mais R$ 4,2 bilhões em papéis do IRB, e a própria União deixou o capital da resseguradora, vendendo R$ 3,2 bilhões.
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