Na alta de preços que impacta os mais diferentes aspectos do dia a dia dos brasileiros, um dos setores, de muita necessidade e que já normalmente pesa no orçamento, tem impactado ainda mais as famílias: os medicamentos. Desde o início do ano, o aumento mensal dos medicamentos foi subindo, como mostram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De janeiro, com 0,31%, foi para 0,57% em fevereiro, e disparou a 6,13% em abril. Em maio e junho, a carestia foi menor, de 2,51% e 0,61%, mas a alta acumulada escalou a 13,81% nos últimos doze meses, acima da inflação geral, que bateu 11,89% em junho (IPCA-IBGE).
O aumento atingiu toda a categoria de produtos farmacêuticos. Os dermatológicos puxam a alta, com aumento de 17,21%, seguidos por antigripais e atitussígenos (17,06%) e analgésicos e antitérmicos (16,06%). Os antibióticos ficaram 14,82% mais caros, enquanto medicamentos para o estômago subiram 14,78% e antialérgicos e broncodilatadores, 14,45%.
Com preços mais altos, famílias acabam deixando de comprar medicamentos necessários por não conseguirem pagar. A dona de casa Ticiane Alves, de 32 anos, começou a observar o aumento nos preços ao procurar pelo remédio de pressão do marido, que subiu de R$ 80, no ano passado, para atuais R$ 106. A bombinha (ou nebulímetro) que ajuda a tratar a asma do filho do casal também ficou mais cara, passando de R$ 37 para R$ 60.
Com o orçamento mais caro, agora a família compra apenas o "essencial do essencial":
"Um dos antibióticos que meu filho está precisando tomar está custando R$ 130. Não comprei porque não consigo pagar. Saí da farmácia só com metade da lista."
Hipertensa e com artrite e problemas de estômago, Edite Maria de Jesus, 63, vai frequentemente à farmácia e tem um gasto mensal alto com medicamentos que, segundo conta, "nem lembra mais". Os aumentos vem sendo sentidos já há algum tempo. Só o remédio da pressão aumentou R$ 10 no último mês. Mesmo já aposentada, ela ainda trabalha como cuidadora de idosos para conseguir fechar o orçamento.