O ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou ontem (23.04) que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, não vai superar a marca de 6,5% neste ano - que é o teto do sistema de metas brasileiro para 2014.
"Nos temos que diferenciar entre a inflação em doze meses, quando você pega a inflação no seu pico, no período mais forte, que pode ate ultrapassar 6,5%. Mas depois ela diminui, arrefece. Eu tenho certeza que vamos terminar o ano [de 2014] dentro do limite de 6,5%. Não vamos ultrapassar o limite de 6,5%", declarou o ministro a jornalistas após evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Mercado vê IPCA acima do teto do sistema de metas
Segundo dados coletados pelo Banco Central na semana passada, a expectativa dos analistas do mercado financeiro para o IPCA deste ano, passou de 6,47% para 6,51%. O relatório do BC é fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras. Esta foi a primeira vez que o mercado projetou uma inflação acima do teto brasileiro.
Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central, para 2014 e 2015, é de 4,5%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
Quando a meta de inflação é descumprida, o presidente da autoridade monetária precisa escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando as razões que motivaram o "estouro" da meta formal. No começo do ano, a inflação avançou com mais intensidade por conta do aumento dos preços dos alimentos – resultado das condições climáticas adversas (seca ou excesso de chuvas) no país.
Inflação mais baixa em maio e junho
O ministro também repetiu que o Brasil passa por um "período de elevação inflacionária", o que já estava, ainda de acordo com ele, "previsto", mas acrescentou que a inflação deve recuar nos próximos meses.
"Todo ano acontece esse processo. É sazonal, mas tem a ver com condições meteorológicas. Esse ano nós temos menos chuvas, e isso fez com que subissem alguns produtos, principalmente hortifrutigranjeiros. Março subiu, abril também, mas já começa a baixar o hortifrutigranjeiro. A boa notícia é que seguindo a trajetória de todos os anos, você tem dois meses de pressão inflacionária. Em seguida a inflação começa a recuar. Maio e junho ela será mais baixa", disse o ministro.
Ele observou que sempre haverá "algum produto" que tem alguma sazonalidade, ou seja, que pressiona um pouco a inflação, pois está, por exemplo, na entressafra, mas declarou também que a "maioria dos produtos" estará se reduzindo seu preço ao longo dos próximos meses.
Sem mudança nas metas de inflação
O ministro também afastou a possibilidade de mudar o critério de acompanhamento da inflação pelo sistema de metas brasileiro - retirando, por exemplo, os alimentos e a gasolina da conta.
"Não há nenhuma mudança nos critérios de avaliação da inflação. O governo não está estudando mudar os índices ou os critérios de avaliação da inflação. Ela não procede. Quem faz isso é os Estados Unidos, que retiram alimentos e combustível do índice principal. Não fazemos isso e continuaremos da mesma maneira, usando os mesmos critérios", afirmou Mantega.
Mistura do álcool na gasolina
Questionado se o governo pretende aumentar a mistura do álcool na gasolina, atualmente em 25%, para baixar o preço do produto, Mantega declarou que isso "sempre é possível", mas acrescentou que, neste momento, o governo não está cogitando essa possibilidade.
"Estamos no período em que o etanol aumenta sua produção. Estamos começando a safra do etanol. Quando entrar essa safra, vai reduzir o preço do etanol e dos combustíveis. Vai acontecer em maio e junho. Isso vai ajudar a baixar a inflação. Entre maio e junho, teremos o menor preço de etanol e, portanto, o menor preço da gasolina", disse ele.
Fonte: G1