A mediana das projeções do mercado para o crescimento da economia em 2019 ficou em 2% na pesquisa semanal Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira. Apesar da diferença de apenas 0,01 ponto percentual em relação ao levantamento anterior, o dado chama atenção por não interromper a sequência de quedas, agora quatro consecutivas, nas expectativas coletadas até o fim da semana anterior à publicação.
Para 2020, o ponto-médio das estimativas para a economia brasileira também sofreu um corte leve entre as pesquisas de uma semana e outra, de 2,80% para 2,78%.
Na semana passada, o governo cortou a previsão oficial para o crescimento de 2019 de 2,5% para 2,2%, em meio a uma retomada econômica mais lenta do que o imaginado, de acordo com o primeiro Relatório Bimestral de Receitas e Despesas do ano, instrumento por meio do qual o Ministério da Economia atualiza projeções para indicadores fiscais e macroeconômicos.
O Boletim Focus mostrou ainda que a mediana das projeções dos economistas do mercado para a inflação não sofreu alterações para este ano ou o próximo.
O ponto-médio das expectativas para a alta do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permaneceu em 3,89% para 2019 e em 4% para 2020.
Entre os economistas que mais acertam as previsões, os chamados Top 5, de médio prazo, a mediana para a inflação oficial também não teve alteração, seguindo em 4,01% para 2019 e 4% para 2020.
Para os próximos 12 meses, a pesquisa indicou queda na projeção, de 3,99% para 3,96%.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga amanhã o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) -- espécie de prévia da inflação oficial, calculado do meio do mês anterior até a metade do de referência, de março.
O chamado IPCA "cheio" ficou em 0,43% em fevereiro, acima da média das projeções de 36 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, de alta de 0,37% no mês. Com o resultado, o IPCA passou a registrar alta de 3,89% pelo indicador acumulado dos últimos 12 meses. A meta de inflação perseguida pelo BC é de 4,25% em 2019, 4% em 2020 e 3,75% para 2021, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Na semana passada, o governo cortou a previsão oficial para o IPCA de 2019 de 4,25% para 3,8%, de acordo com o primeiro Relatório Bimestral de Receitas e Despesas do ano.
Juros
A mediana das estimativas para a taxa básica de juros no fim de 2020 saiu de 7,75% para 7,50% entre os economistas do mercado. Assim, a expectativa se igualou à dos economistas Top 5, de médio prazo, que já haviam reduzido o ponto-médio para a Selic no fim de 2020 de 8% para 7,50% na semana passada.
Para 2019, as estimativas permaneceram em 6,50% nos dois grupos.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros pela oitava vez consecutiva em 6,5% ao ano, como esperado pelo mercado na primeira reunião sob o comando de Roberto Campos Neto, e não se comprometeu com uma redução da taxa no futuro próximo.
O colegiado considerou que seu balanço de riscos agora está simétrico, ou seja, há um equilíbrio entre os fatores que podem contribuir para que a inflação fique acima ou abaixo dos percentuais projetados até 2020. Ainda assim, o Copom alertou que precisará de tempo para avaliar o comportamento da economia brasileira.
Na sexta-feira, o governo cortou a previsão oficial para a Selic média em 2019, de 7,2% para 6,5%, como contemplado no Relatório Bimestral de Receitas e Despesas.
Câmbio
As medianas das estimativas para o dólar no fim de 2019 foram mantidas em R$ 3,70 entre os economistas em geral e entre os Top 5, de médio prazo.
Para 2020, o ponto-médio das projeções foi mantido em R$ 3,75 entre os economistas do mercado em geral e entre os campeões de acertos.
Fonte: Valor