O ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) afirmou, nesta segunda-feira (11), que o Brasil precisa de uma “agenda vigorosa em tema de reforma”, citando as reformas administrativa e tributária, além de “olhar para o futuro”. Em entrevista à Câmara de Indústria, Comércio e Serviços da Caxias do Sul, Moro também afirmou ser pré-candidato, apesar da recente controvérsia com o seu novo partido, o União Brasil, em relação a sua intenção de concorrer à Presidência da República.
“Eu sou o único dos pré-candidatos que têm destacado que, além das reformas e do plano para combater as causas da pobreza, além de cuidarmos da educação e da saúde com planejamento, dedicação e esforço e discutir a segurança pública com maior profundidade, precisamos recuperar os valores perdidos, princípios maiores, através de uma reforma ética do estado”, disse.
“Não desisti de transformar ou mudar o país. Existe uma percepção de que é necessário que haja um centro, uma via democrática única para fazer frente às duas propostas que eu, sinceramente, qualifico como propostas de extremos”, afirmou.
Logo após anunciar a filiação ao União Brasil, em 31 de março, Moro disse ter desistido da sua pré-candidatura à Presidência da República “neste momento”. No dia seguinte, no entanto, o ex-juiz afirmou ‘não ter desistido de nada’, indicando que permaneceria como pré-candidato. O discurso de Moro gerou reação dentro do próprio União Brasil, que informou, em nota, que a filiação do ex-juiz Sergio Moro visava construir uma candidatura no estado de São Paulo como deputado ou senador. Uma ala do partido chegou a defender a impugnação da filiação de Moro.
Ao mesmo tempo, o União Brasil anunciou, em conjunto com MDB, PSDB e Cidadania, a apresentação de um um único “candidato de consenso” no dia 18 de maio.
Na entrevista desta segunda, Moro disse que o o país precisa de um “projeto modernizante” junto à construção de um “governo honesto e íntegro”. O ex-juiz também afirmou que a resposta para os problemas atuais do Brasil “não está nos dois candidatos dos extremos”.
“Precisamos de uma agenda moderna para o Brasil. Uma agenda vigorosa em tema de reforma. As grandes reformas que foram deixadas de lado, como a reforma administrativa, para deixar o governo mais eficiente, e a reforma tributária que implica na atividade produtiva, especialmente na área da indústria”, disse Moro.
Ainda no tema econômico, o ex-juiz ainda falou sobre o debate envolvendo privatizações. “Privatização era um tema do governo Collor, depois se tornou tema no governo de Fernando Henrique Cardoso e hoje, passados mais de 20 anos, ainda discutimos se privatizamos ou não privatizamos. Não conseguimos virar a página”, falou.
“A minha percepção é a de que não conseguimos fazer as reformas necessárias para o Brasil voltar a crescer, porque parte das nossas instituições foram capturadas, porque o governo se dedica a atender interesses especiais e não propriamente em agir pelo bem comum”, analisou. “Ao invés de o governo agir para fazer o que precisa fazer para o Brasil voltar a crescer, trabalha atendendo aos interesses paroquiais, preocupado em eleição e reeleição. O fenômeno mais claro em relação a isso é a corrupção.”
Dentro do mesmo tema, Moro afirmou ser a favor do fim da reeleição para o presidente da República, dizendo que o dispositivo “não funcionou”. Ele também fez novas críticas ao foro privilegiado.
“Tem que acabar com a reeleição. E se o presidente eleito em 2023 encaminhar uma proposta de emenda para acabar com a reeleição, tenho certeza de que o Congresso aceitará de bom grado. A gente tem que acabar com o tal do foro privilegiado, isso é um escárnio”, disse Moro.
Leia abaixo a íntegra da nota de Sergio Moro de 31 de março, em que ele desiste da candidatura presidencial:
O Brasil precisa de uma alternativa que livre o país dos extremos, da instabilidade e da radicalização. Por isso, aceitei o convite do presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, para me filiar ao partido e, assim, facilitar as negociações das forças políticas de centro democrático em busca de uma candidatura presidencial única.
A troca de legenda foi comunicada à direção do Podemos, a quem agradeço todo o apoio. Para ingressar no novo partido, abro mão, nesse momento, da pré-candidatura presidencial e serei um soldado da democracia para recuperar o sonho de um Brasil melhor.
Eleições 2022
A CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Fonte: CNN Brasil