Na 8ª semana de pressão em Brasília, PEC do Calote ‘mostra’ como luta contra PEC 32 é imprescindível
Sintrajud esteve outra vez no DF, em mais uma semana com vigília na Câmara e visitas a parlamentares, além da 'recepção' no aeroporto a deputados e, desta vez, até ao pré-candidato Sérgio Moro.
A delegação das servidoras e servidores do Sintrajud que foi a Brasília logo após o feriado de Finados ouviu de parlamentares uma observação que vem se tornando frequente: é o impacto desta mobilização nacional do funcionalismo na capital federal e nos estados que impede o governo Bolsonaro e seus aliados na Câmara de levar a voto a ‘reforma’ administrativa (PEC 32/2020) no Plenário.
Essa constatação, porém, longe de alimentar qualquer relaxamento, foi recebida como a confirmação de que a mobilização não pode parar. A votação em primeiro turno do texto-base da PEC dos Precatórios (PEC 23/2021), na madrugada da quinta-feira, 4 de novembro, acendeu mais forte o alerta para os riscos das movimentações e manobras do governo para ‘conquistar’ votos com métodos pouco republicanos.
“Nós vimos que esta semana o governo conseguiu votar a PEC 23, a PEC dos Precatórios, com 312 votos. O que pode acontecer é que o governo ofereça mais e mais em troca do voto a favor da PEC 32, esta proposta que é contra o serviço público”, observa a servidora aposentada Ester Nogueira, dirigente do Sintrajud e uma das integrantes da delegação. “Nós não podemos deixar isso acontecer, precisamos que todos se somem a essa luta com a gente para conseguirmos derrotar de uma vez essa proposta de destruição dos serviços públicos”, defendeu. Também integraram a delegação os servidores aposentados Maria Helena Leal e Márcio Lois e o diretor do Sindicato Antônio Melquíades (o Melqui), além de Fabiano dos Santos, que integra a coordenação da Fenajufe.
Foi uma semana, naturalmente, com menos movimentação em Brasília — reflexo do feriado prolongado — apesar da votação da chamada PEC do Calote, apontada como um ataque aos trabalhadores por abocanhar recursos da Educação e ainda abrir caminho para transferência de recursos públicos para o setor privado, além de adiar por até 10 anos o pagamento de dívidas do setor público com pessoas que ganharam ações judiciais de forma irrecorrível. A PEC 23 também sequestra parte do orçamento para emendas parlamentares, algo que, teme-se, possa ser usado inclusive para ‘comprar’ apoio à ‘reforma’ administrativa. O governo enfrenta dificuldades para votá-la em segundo turno e tenta pautá-la para semana que vem.
Deputados e ex-juiz candidato cobrados por ataques aos serviços públicos
Apesar da presença menor de servidores, os impactos da mobilização repercutiram em diversos meios de comunicação já a partir da ‘recepção’ aos parlamentares no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. Repercussão impulsionada por uma coincidência: o ato acontecia quando passou pelo desembarque o ex-juiz, ex-ministro de Bolsonaro e presidenciável Sérgio Moro – que acabou sendo alvo do protesto, assim como de manifestações de outras pessoas que se encontravam no local.
A manifestação, que cobrou Moro pela postura parcial que pôs a perder as medidas positivas contra a corrupção que pareciam inspirar a Operação Lava-Jato, e a participação no governo Bolsonaro, repercutiu em diversos veículos de mídia por ter representado uma “estreia” negativa para o político que almeja uma candidatura presidencial pelo legenda Podemos (ex-PTN).
Fonte: Sintrajud