OPINIÃO / Insistência no ótimo derruba mais uma reforma tributária
Insistência em criar alíquota única para as empresas, e não mais de uma distinguindo setores, explica fracasso
08/04/2022 - 08:15
A reforma tributária naufraga mais uma vez. Com a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) cancelada nessa quarta-feira por falta de quórum, o cenário dos “pessimistas”, de que mais uma vez o tema renderia muita discussão e nenhuma decisão, vai se consolidando. E o fracasso do Congresso e do governo nesse tema de mais de três décadas traz ensinamentos importantes sobre falta de sensibilidade política e de leitura da complexidade do Brasil.
Está claro que o velho ditado (ou chavão) político de que o “ótimo é inimigo do bom” mais uma vez se prova verdadeiro. A coluna não pretende ser exaustiva sobre as diversas questões que envolvem esse tema de alta complexidade, mas considera que essa nova frustração reforça pontos a serem considerados nas próximas tentativas.
Um deles é sobre a necessidade de se trazer o amplo e diverso setor de serviços para realmente propor soluções e não deixá-lo como ator coadjuvante que, desesperado, se preocupa mais em jogar contra para preservar seu status quo. Na véspera da votação marcada para CCJ, houve verdadeiro esforço de representantes do setor junto a senadores para melar a votação. E conseguiram.
O centro da preocupação dos serviços é a alíquota única do IBS para todas empresas. Era a mesma inquietação que fez a categoria travar a votação da CBS (que só unificava os tributos federais) na Câmara: receio de um forte aumento de carga tributária. Só na parcela federal, a subida poderia ser de 3,65% (para alguns setores) para 10% a 12%.