A maior parte dos brasileiros defende que sejam cobrados impostos sobre os mais ricos para financiar renda e assistência social aos mais necessitados do país. É quase unanimidade que é obrigação dos governos garantir programas de transferência de renda e assistência social a quem mais precisa.
Essas são as principais conclusões da Pesquisa Nós e as Desigualdades 2022, da Oxfam Brasil/Datafolha. A pesquisa foi produzida por meio de abordagem pessoal a 2.564 pessoas em nível nacional, em 130 cidades de todas as regiões do país, entre os dias 8 e 15 de março deste ano. A margem de erro é de 2%, para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
Segundo o levantamento, 96% dos brasileiros acreditam que é obrigação dos governos garantir recursos para programas de transferência de renda e de assistência social, principalmente para quem mais precisa, reduzindo o abismo financeiro entre os mais ricos e os mais pobres do país. E 95% defendem que o Auxílio Brasil deve atender a todas as pessoas que estejam em situação de pobreza.
Percepção sobre as injustiças do país
Entre os entrevistados, 85% disseram que concordam com o aumento dos impostos de pessoas muito ricas para financiar políticas sociais — sendo que 94% dos pesquisados disseram que o imposto pago deve beneficiar os mais pobres. Entre os entrevistados, 85% creem que o progresso do país está condicionado à redução de desigualdade entre pobres e ricos.
Os brasileiros, segundo a pesquisa, defendem ainda a universalização de políticas públicas de saúde e educação, apoiam medidas como a Lei de Cotas Raciais nas universidades públicas para equilibrar as oportunidades ao ensino superior e têm emprego e renda como prioridades para um futuro mais próspero. Esse apoio, revelou a pesquisa, é maior entre os jovens de 16 a 24 anos.
“Que as candidatas e candidatos a mandatos por todo o Brasil ouçam o chamado da população, que pede um país mais justo e menos desigual”, declarou em nota Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.
Jefferson Nascimento, coordenador da área de Justiça Social e Econômica da Oxfam Brasil e coordenador da pesquisa, observa que, para mudar esse cenário, a mensagem da sociedade brasileira é clara. É preciso que o Estado se comprometa efetivamente com a redução das desigualdades, pobreza e fome através de políticas públicas financiadas, por exemplo, por meio de uma maior tributação dos mais ricos, afirma o coordenador.
A pesquisa revelou ainda que os brasileiros reconhecem o peso do machismo e racismo que recaem sobre mulheres e pessoas negras. Há a compreensão de que mulheres ganham menos por serem mulheres, que a cor da pele influencia negativamente a renda, reduz as chances de contratação por empresas e impacta negativamente o comportamento do sistema de Justiça.
Esta é a quarta edição da pesquisa Nós e as Desigualdades da Oxfam Brasil. A série foi iniciada em 2017 e a consolidação dos dados dos levantamentos anteriores mostra a importância que a sociedade brasileira dá à redução das desigualdades como fator para que o país progrida.
Fonte: O Globo