Reajuste aos servidores têm barreira quase ‘intransponível’

Economistas reagiram à ideia do governo de aumento de 5%


04/04/2022 - 08:20

A ideia que passou a ser avaliada pelo governo Jair Bolsonaro (PL) de conceder um reajuste linear de 5% aos servidores públicos federais criaria uma despesa adicional em 2022 que pode ir de R$ 3,3 bilhões a R$ 8 bilhões, segundo especialistas.

Haveria, assim, um estouro na previsão de R$ 1,7 bilhão que seria destinada às revisões salariais e demandaria uma abertura de espaço no Orçamento “quase instransponível” ou “impossível” dentro do teto de gastos, de acordo com avaliações colhidas ontem pelo Valor. Além de um custo fiscal alto, o reajuste estudado, muito abaixo da inflação, apontam, não resolve o problema estrutural e deve deixar os servidores insatisfeitos, resultando em mais pressões por recomposição salarial.

Para o economista Manoel Pires, coordenador do Observatório de Política Fiscal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), o impacto do reajuste de 5% demandaria ajuste de cerca de R$ 3 bilhões líquidos no Orçamento, considerado um efeito inicial de R$ 5 bilhões e deduzidos a previsão já existente para as revisões salariais e o contingenciamento de emendas parlamentares. Essa discussão, diz, não é trivial e é “quase intransponível”.

Para ele, a discussão ainda está indefinida até mesmo na questão de mérito. Um reajuste linear de 5%, diz, pode deixar descontente parte dos servidores para os quais foi sinalizado um aumento maior, como é o caso das forças de segurança. Ao mesmo tempo, o reajuste geral pode sinalizar que há espaço para barganha ainda por outras carreiras, já que os 5% estão bem abaixo da inflação de 10,06% pelo IPCA em 2021 e as projeções para 2022 chegam a apontar taxas de 8%.

Nas contas de Gabriel Leal de Barros, economista-chefe da Ryo Asset, o gasto adicional pode chegar a R$ 8 bilhões, em cálculo que considera os três poderes do funcionalismo federal e pode ficar ainda maior, diz. Caso também impacte os subsídios dos ministros do Supremo Tribunal Federal, por exemplo, pode gerar um efeito cascata no judiciário nos Estados e Municípios.

Trata-se de um reajuste que não resolve o problema, diz Barros. “É enxugar gelo, já que esse tema irá voltar em 2023. Vai ter que pagar dobrado para por apenas um band-aid e não resolve o problema estrutural”, critica.

“Naturalmente, o governo tenta amenizar o risco de uma greve em pleno ano eleitoral, que pode ter impacto grande, a depender da categoria. Mas esses 5% não devem satisfazer os servidores, não resolvem a demanda de ninguém, e também não cabe no teto de gastos” , avalia o economista e professor da UFMG e diretor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Frederico Jaime Junior. “É uma sinuca de bico impossível de ser resolvida, mas é algo impraticável dadas as regras do teto de gastos, algo que sabíamos desde que ele foi aprovado, em 2016.”

Juliana Damasceno, economista da Tendências e pesquisadora associada do Ibre, lembra que os servidores públicos ficaram com reajustes salariais desde 2020, por força da Lei Complementar 173, de 2020, que vigorou até dezembro do ano passado. A inflação acumulada de 2019 até fim de 2021 ficou perto de 20%, diz ela. E há parte dos servidores sem reajuste desde 2017, o que representa perda acumulada de 28,15%. “Um reajuste fiscal de 5% tem custo alto para o governo de Bolsonaro. Porque é um reajuste pequeno, que não agrada a ninguém, e tem custo fiscal alto, com desgaste político enorme.”

Na pior das hipóteses, avalia Juliana, o governo pode tentar classificar o reajuste como gasto extraordinário, mas há empecilhos para isso. O que também preocupa, diz ela, é que já há grande pressão por reajustes num momento em que as campanhas à presidência mal decolaram. À medida que a disputa se intensifica, pode aumentar a tentação do governo por aplicar políticas eleitorais que comprometam mais o quadro fiscal. Despesas com reajustes salariais, lembra ela, são permanentes.

Em boletim divulgado pela XP Investimentos, o economista-chefe da corretora, Caio Megale, aponta impactos para este ano e para 2023. Segundo ele, o reajuste pode representar despesa adicional de R$ 3,3 bilhões em 2022 se atingir apenas o executivo civil durante o período de seis meses. O valor sobe para R$ 8,3 bilhões em 2023, quando deve valer no ano cheio. Considerando todo o executivo, a conta sobe para R$ 5,6 bilhões, ainda considerando um semestre em 2002, e para R$ 13,1 bilhões no ano que vem. Os demais poderes representariam despesa de R$ 1,5 bilhão neste ano e R$ 3 bilhões em 2023, em iguais critérios.

Fonte: Valor Investe

 

Observatório Econômico
12/07/2023 - 09:24
Especialistas defendem novas formas de custeio de sindicatos

Assunto foi debatido em evento sobre os 80 anos da CLT, no Rio

07/02/2023 - 14:40
Técnicos do Sindifiscal/MS apontam que MS deve estreitar relações com a Índia

Análise das exportações de MS aponta que as vendas para Índia em 2022 aumentaram 325% em comparação ao ano passado




Veja mais

Reunião Ordinária do Conselho Deliberativo - Convocação

Reunião está marcada para sábado (23) as 09h00 presencialmente na cidade de Mundo Novo

Frente fria derruba temperaturas em Mato Grosso do Sul, mas calor retorna durante o dia

Em Campo Grande, o céu está parcialmente nublado, e a temperatura máxima não deve ultrapassar os 29°C hoje

Camex zera imposto de importação de remédios contra câncer

Outros 12 produtos, como insumos para pás eólicas, têm alíquota zerada




Sindicato dos Fiscais Tributários do Estado de Mato Grosso do Sul - SINDIFISCAL/MS

---