O reajuste nos preços da gasolina e do diesel deve ter impacto direto de cerca de 0,20 ponto percentual no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) já no mês de outubro, segundo analistas ouvidos pelo G1. Apesar do elemento adicional de pressão na inflação oficial do país, que em agosto acumulou alta de 9,53% em 12 meses, a avaliação dos economistas é que o indice continuará abaixo do patamar de 10% e tende a iniciar 2016 com maiores chances de retorno para patamares abaixo do teto da meta do Banco Central, de 6,5%.
O aumento anunciado pela Petrobras na noite de terça-feira (29) surpreendeu o mercado. A petroleira anunciou reajustes de 6% na gasolina e 4% no diesel vendido nas refinarias.
"Aconteceu da noite para o dia. Esperávamos que esse movimento fosse acontecer só no ano que vem", diz Marcio Milan, analista da Tendências. Para a consultoria, o reajuste no preço dos combustíveis terá um impacto de 0,14 ponto percentuais na inflação de outubro.
"Com o reajuste, o IPCA de outubro deve chegar a 0,68% no mês e 9,73% em 12 meses", afirma o analista. "Para o ano, o, ainda não vamos revisar porque queremos esperar o IPCA de setembro sair. Mas este reajuste é um item que coloca um viés de alta na nossa projeção", acrescenta.
Inflação próxima a 10% no ano
O professor de Economia da FEA/USP, Heron do Carmo, explica qua gasolina sozinha tem um peso de cerca de 4% na composição do IPCA.
"Eu diria que só com o aumento da gasolina teremos uma alta em torno de 0,20 ponto percentual na inflação no acumulado em 12 meses. Se a previsão paa o ano estava em 9,5%, agora passa para 9,7%", diz. "Foi uma surpresa. Mas foi melhor ter feito isso agora, do que deixar para o próximo ano, uma vez que a inflação deste ano já está dada como perdida. O que poderia causar algum problema é se a inflação no ano passasse de 10%", continua.
"Ir para dentro da meta em 2016 ainda está difícil, mas o mais importante é que se consiga pelo menos uma queda significativa da inflação no próximo ano", acrescenta Heron do Carmo. O governo projeta uma inflação de 5,4% em 2016.
'Nada mais justo do que jogar limpo'
O economista André Braz, do Ibre/FGV, também avalia que o reajuste da gasolina era inevitável diante do impacto da alta do dólar no caixa da Petrobras e que, apesar do impacto na inflação, acaba sinalizando uma melhor trajetória do IPCA em 2016.
“Na medida em que a gente deixa de jogar para o futuro aquilo que tem que ser feito agora, desenha-se um caminho melhor para a inflação no ano que vem e ajuda os agentes econômicos e sociedade a preverem melhor a inflação", afirma. "Nada mais justo do que jogar limpo com essa variável que pesa tanto na inflação. Já que agora estão passando a régua em muitos assuntos, não dá apara acumular mais esse", completa.
O economista projeta que o reajuste do diesel e da gasolina terá um impacto de até 0,24 ponto percentual no IPCA de outubro, mas lembra que os aumentos de preços nas refinarias não costumam ser repassados integralmente para o consumidor.
Fonte: G1