Reforma administrativa traz risco real de aumento da corrupção, diz especialista
A professora de administração pública, Alketa Peci, foi ouvida pelo Brasil Econômico na live de quinta-feira (10)
A professora de administração pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Alketa Peci, foi a entrevistada do Brasil Econômico ao Vivo de quinta-feira (10). Ela disse haver risco real de mais indicações de cargos após o fim da estabilidade dos servidores federais, como projetado pela reforma administrativa , o que pode aumentar a corrupção .
"O Brasil é um país paradoxal . Se por um lado, conseguimos consolidar um governo forte, profissional, com estabilidade, por outro lado, temos uma boa proporção de cargos politicamente indicados".
Segundo ela, os países onde a administração pública performa melhor no âmbito econômico, e tem menores níveis de corrupção, são aqueles que a burocracia independe da política.
"O órgão independente funciona como peso e contrapeso ao poder político. Acaba pressionando os políticos a não abusarem, já que se baseiam em processos de escolha meritocráticos, e possuem corpo técnico qualificado."
Como exemplo, ela citou a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
"Muito foi acusado pela mídia que a Anvisa havia sido capturada pelo governo Bolsonaro, ao indicar os cargos do Conselho diretor. Na prática, isso não aconteceu. A agência continua técnica, profissional, e a população confia, independente da vacina ser chinesa, indiana, ou que vira jacaré", salientou a especialista.