Para Velloso, uma reforma tributária não iria andar. “Porque os políticos não são loucos. Eles não se dedicarão a isso, quando o problema é a pandemia, é arranjar dinheiro para hospitais e para as pessoas mais necessitadas, num programa de renda emergencial.”
Uma reforma tributária só se justificaria numa situação de falta de dinheiro ou com o objetivo de recuperar competitividade, argumentou ele. “O problema na pandemia não é falta de dinheiro. Dinheiro, se precisar, basta o governo ter coragem e emitir moeda. Para que correr atrás de mudança de tributo, que é a coisa mais difícil politicamente?”, questionou.
O economista reforçou ainda que é preciso investir para o país crescer “assim que a pandemia deixar”. Em relação a uma eventual reação negativa do mercado sobre emissão de moedas, ele disse que o governo fracassa ao não saber se comunicar.
“Não creio que eles tenham uma visão tão equivocada assim a esse ponto.” Velloso afirmou que é isso [emissão de moeda] que outros países estão fazendo.
“Por que temos que ser diferentes, fazer as soluções mais difíceis e complicadas?”, indagou. O que temos que olhar, defendeu, é que “quando a pandemia acabar, tivermos vacina e voltarmos à normalidade, talvez em algum momento do segundo semestre do ano que vem, devemos ter uma razão entre dívida e PIB e, seja qual for ela, não deveria crescer a partir dali.”
Isso, disse ele, não deverá ser difícil caso as taxas de juros continuem baixas. Basta a economia crescer um pouco que a relação entre dívida/PIB vai cair, defendeu. Esse número, avaliou, não é tão relevante, mas sim sua trajetória.
Nesse cenário, disse ele, será importante o papel do investimento, para promoção do crescimento. “É preciso investir um pouco, pelo menos. E só o setor público poderá liderar esse processo.” A União, apontou o economista, tem a capacidade de emitir moeda. Nos Estados e municípios, disse ele, é preciso atacar o déficit previdenciário e abrir espaço para investimento público.
Fonte: Valor Investe