Relatório da Instituição Fiscal Independente alerta para inflação, juros e renda desvalorizada

Economia brasileira apresenta números preocupantes, que não retomam níveis pré-pandêmicos, quando o cenário já não era positivo. Relatório de Acompanhamento Fiscal de abril revela que taxa emprego só cresce no setor informal e despesas do govern


27/04/2022 - 08:26

INFLAÇÃO, JUROS E DESVALORIZAÇÃO DA RENDA SÃO OS DESTAQUES DA EDIÇÃO DE ABRIL DO RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO FISCAL. DOCUMENTO MENSAL É DA INSTITUIÇÃO FISCAL INDEPENDENTE. REPÓRTER JANAÍNA ARAÚJO.

Relatório de abril da Instituição Fiscal Independente, órgão do Senado criado em 2016 para ampliar a transparência nas contas públicas, aponta cenário econômico preocupante. Segundo o documento, a renda real do trabalhador segue em queda pelo efeito da inflação. O analista da IFI Alessandro Casalecchi pondera que a situação acontece apesar do contexto de expansão de emprego, que, no entanto, revela o predomínio de contratações nos segmentos informais.

SONORA Houve um ganho na ocupação, o que é ótimo, mas ainda concentrado no setor informal, que tem empregos de menor qualidade. Então teve uma alta expressiva, por exemplo, no trabalho doméstico informal ou no trabalho sem carteira assinada. E, apesar desses ganhos, aquilo que a gente chama de taxa de participação, que é a proporção das pessoas em idade pra trabalhar que estão de fato procurando emprego ou empregadas, ainda não voltou ao patamar pré-pandemia, que também não era muito confortável. A gente tinha ainda uma taxa de desemprego elevada, por volta de 10%.

O relatório também considera que a avaliação das receitas e das despesas do primeiro bimestre deste ano indica necessidade de ajuste de mais de 1 bilhão e meio de reais para o cumprimento do teto de gastos em 2022. Mestre em Economia pela Universidade de São Paulo e doutor na mesma área pela Fundação Getúlio Vargas, Alessandro Casalecchi mostra preocupação com o resultado das recentes mudanças constitucionais. Ele citou o projeto de lei do Congresso Nacional que prevê alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias para adaptá-la às novas normas.

SONORA Mudanças sucessivas de regras que tinham como propósito disciplinar as despesas – essas mudanças na regra de cálculo do teto e também mudanças na regra de cálculo dos precatórios – levam ao aumento da percepção de risco, que vai impactar invariavelmente na taxa de juros cobrada. Inclusive tem o PLN 2 em tramitação no Congresso que vai procurar modificar a LDO de 2022 pra adaptá-la a essas mudanças constitucionais.

O próximo Relatório de Acompanhamento Fiscal, que será publicado em meados de maio, vai trazer a atualização da projeção de crescimento do país para 2023 de 2,02%, além de uma revisão geral de cenários incluindo resultado primário e inflação. Da Rádio Senado, Janaína Araújo.

 

Fonte: Agência Senado

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